Das “doenças” psíquicas de grande crescimento na história recente, a síndrome do pânico só perde para a Depressão, o mal do século.
Nas estatísticas a hiperatividade, em conjunto do o distúrbio bipolar, aparecem com maior crescimento porém isso se deve mais ao processo diagnóstico do que ao efetivo aumento dos casos.
Ela, assim como a depressão, o TOC (transtorno obsessivo-compulsivo), os distúrbios de atenção(com destaque para a hiperatividade) e o transtorno bipolar, ocorre com maior freqüência nas grandes cidades e sob condições específicas relacionais e pressão psicossocial. Isso nos faz supor o fator psicossocial como desencadeante, ao menos em boa parte das ocorrências.
Nessa origem relacional, o que se observa é que a instalação do distúrbio tende a ser gradual e, por isso, quase imperceptível. Começa como reações a ocorrências externas e/ou pressões ambientais. As defesas individuais reagem a esses estímulos e, em função do ambiente psíquico, essas reações podem ser disfuncionais, o que agrava e amplia essas reações.
Dessa forma, considerando essa origem, essas disfunções não podem ser vistas como uma “doença” – uma entidade independente do sujeito, como estamos acostumados a pensar quando, por exemplo, nosso organismo é atacado por um vírus. O vírus é um corpo externo a nós e a disfunção é um processo nosso (e “benéfico”, isto é, seu objetivo é nossa defesa!). Dessa forma é que ocorrem as comorbidades, isto é, sintomas que apontam para diferentes disfunções. Na síndrome do pânico, por exemplo, é freqüente que haja sintomas de TOC em seu início.
Apesar da maioria das disfunções terem um aspecto negativo que é o afastamento do “outro”, o que dificulta o tratamento (e aí se destaca a depressão), elas apresentam um prognóstico muito positivo já que o tratamento em tese estaria alinhado com o objetivo implícito na disfunção: a defesa do indivíduo.
O aspecto mais negativo é que, como a disfunção se originou em função da dificuldade do indivíduo em reagir produtivamente frente a uma ameaça externa, um pressuposto é que ele deverá “aprender – construir” formas adequadas de reação a essas ameaças. Em outras palavras: deverá encarar os seus fantasmas, o que é um dificultador em alguns casos.
Isso faz com que o tratamento psicoterápico, se muito rápido, leve a pessoa a abandoná-lo e, para respeitar o tempo de cada indivíduo, a terapia acaba sendo considerada lenta e, conseqüentemente, dispendiosa.
Em parte dos casos, quando ocorre o comprometimento de uma ou mais instâncias da vida (profissional, afetiva, etc.), a paralela medicação visando atenuar os sintomas pode contribuir para a continuidade da psicoterapia.
A disfunção incapacitante, prejudicial ao desempenho dos papéis sociais e que gera sofrimento não deve ficar sem tratamento.
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