“Não levo desaforo para casa”; “Tenho sangue italiano” (espanhol, latino, russo, ou qualquer outro); “Sou esquentado”; “Tenho pavio curto”; “Meu sangue ferve”; “Perco a cabeça”; “Saio de mim”; Fico cego”; a lista é enorme de frases “bonitas” que tentam enobrecer, embelezar, esconder, justificar o descontrole emocional.
Uma das raras inteligentes medidas no âmbito psicossocial, do poder público, é a campanha “Conte até dez”, promovida pelo Ministério Público. Ela surgiu pela observação de que 83% dos homicídios no estado de São Paulo eram praticados por impulso e motivo fútil.
O resultado imediato da campanha pode ser pequeno ou mesmo inexistente, porém é preciso começar, divulgar, debater e desmistificar (e desmitificar), primeiramente o “eu sou assim”. Não, não “é”. Mais de 90% da impulsividade elevada e explosividade existem apenas como parte da formação do indivíduo o que quer dizer em palavras simples: aprendizagem. “As vivências na primeira infância formam a base da “matriz de relação” e vai definir como o adulto se relacionará com o que lhe é externo”, escrevi no meu livro “O Poder dos Pais no Desenvolvimento Emocional e Cognitivo dos Filhos”.
Aprendemos a responder com a força (física ou das palavras), quando vivenciamos isso na nossa origem. Depois… nos acostumamos com isso e preferimos, quando lamentamos os resultados, dizer que “somos” assim.
Os dados do Ministério Público indica os 83% dos homicídios em São Paulo por impulso e motivos fúteis e também que, no Acre, esse índice é de 100%! Como pode? Naturalmente há a questão cultural, além do critério de classificação.
Naturalmente parece mais fácil responder com toda a carga emocional ao sentir os “brios” feridos. Essa resposta “forte” pode também satisfazer o ego. Precisamos aceitar, porém, que é uma atitude emocional (burra) e não racional (inteligente).
Não quero colocar nessa frase uma hierarquia que indique que o raciocínio é superior ás emoções. Não. As emoções são fundamentais para sermos “humanos”. Só quero dizer que as emoções não precisam ter prioridade ao respondermos a um estímulo externo.
Quem comanda suas atitudes, quero dizer, a sua vida? Se for a emoção deve ser difícil manter um relacionamento duradouro (e/ou estável) com você e sim, você não leva desaforo para casa e também tem dificuldade de manter relacionamentos saudáveis! Você deve ser intratável e se orgulha de ser inteligente e sincero(a)!
Se você se dispuser a mudar e se dedicar, sua vida pode se orientar pelo comum acordo entre a razão e a emoção, em equilíbrio.
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