Em seu aspecto psicológico a ruptura está intimamente ligada com a quebra da confiança.
Para evidenciar esse vínculo é necessário lembrar a importância do sentimento de Pertinens (ser relativo a alguém/alguma coisa). Em função do processo de Desenvolvimento Humano e da característica de ser humano, por extensão, temos essa necessidade de nos sentir como integrantes ou relativos, pois isso implica no reconhecimento da nossa existência/nosso valor.
Dessa forma a nossa existência é autenticada pelo “outro” a quem somos relativos. Essa relatividade surge inicialmente como dependência no feto e no bebê e vai se transformando aos poucos em relatividade – ser um componente da família. Assim a família é percebida como uma entidade; há uma unicidade que extrapola a individualidade de seus componentes.
A criança sente-se como parte de um todo maior e precisa da robustez desse todo, pois é dessa robustez que vem a sua força – o seu valor.
Esse sentimento é, naturalmente, inconsciente e permanece de forma mais ou menos intensa por toda a vida do indivíduo. No adulto ele pode ser mais visível em crises conjugais mais intensas.
Os componentes do casal transferem o sentimento de pertinens para o cônjuge com a intensidade e consistência desenvolvidos na primeira infância. O casamento reedita dessa forma os sentimentos (emoção – inconsciente) desenvolvidos na família original.
Respostas de ruptura podem ter sido incorporadas na relação familiar original e elas voltam a se fazer presentes na relação conjugal, desencadeando reações, no cônjuge, pelo sentimento de quebra da confiança, pois a confiança dá sustentação ao pertinens.
Esse conjunto acaba por definir um círculo vicioso no qual uma ruptura que abala o sentimento de confiança de uma criança (inclusive um bebê!!!) gera a fragilização do sentimento depertinens e permite rupturas na idade adulta (vida conjugal), reproduzindo o sentimento de pertinens fragilizado, nos filhos.
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