Fazendo uma analogia com a árvore, somos formados com base na genética: as características de nossa espécie e também as características de nossos genitores (semente). Sobre essa base nos desenvolvemos moldados por influências ambientais (água, luz, nutrientes, relações).
Na foto ao lado vemos que esse tronco teve uma origem bem regular (números 1 e 2) e que as condições ambientais (solo onde as raízes buscavam alimentos; condições da luz ou ventos) impuseram mudanças que foram ovalando a circunferência original (indicadores 3, 4 e 6). O indicador “5” mostra provavelmente um momento específico na vida dessa árvore e as cicatrizes, mesmo encobertas pelas vivências mais recentes, estão presentes.
Somos formados através de diferentes influências o que define algumas de nossas “camadas”. Veja:
Nós somos a soma dessas camadas e, veja, há muito mais em nós do que temos consciência. O que nos é inconsciente nos leva a agir (e reagir) de maneira que nem sempre gostaríamos. Nos leva a estabelecer relações de maneira não saudável. Nos leva a “passar” aos nossos filhos o que gostaríamos de evitar.
Na Praça Vítor Del Mazo que fica na rua do meu consultório (Ruas Mato Grosso com Pará e Itacolomi), uma grande árvore tombou com os ventos do dia 16/03/2010.
Era uma árvore “velha”? Talvez sim, mas poderia viver mais? Certamente. Apesar de grande e aparentemente forte, algo foi minando sua força ao longo do tempo, provavelmente na maturidade e ela tombou com o vento um pouco mais forte que o normal, mas não forte o suficiente para derrubar uma árvore desse porte.
Uma pessoa foi atingida, outras árvores menores (ainda crianças/adolescentes nesta nossa analogia) também foram atingidas e o que restou delas teve que ser eliminado (veja a foto ao lado).
As perdas são muitas:
- O próprio indivíduo (árvore)
- A espécie (redução do número/contribuição)
- Outros que estavam próximos
- A história
Esta árvore tombou porque, apesar da aparência forte, foi tendo sua vida ceifada lentamente pela redução dos seus pontos de sustentação: as raízes (veja).
Suas raízes estavam como que apodrecidas e as novas que surgiam na busca de sobrevivência ainda eram pequenas e frágeis.
Meus conhecimentos nessa área são poucos e não sei dizer porque essas raízes foram fragilizadas – talvez a impermeabilização do solo no entorno, talvez as condições de luz. O fato é que ela estava morrendo e não percebemos porque só atentamos para o que está na superfície.
Os indivíduos e seus relacionamentos também têm sua força minada ao longo do tempo e pode ser que só venhamos atentar para esse fato quando for tarde demais.
Pessoas e vínculos precisam de condições favoráveis para permanecer fortes e saudáveis.
Não basta despender energia, criatividade, vivacidade, dedicação para estabelecer um relacionamento que fará parte de nossa vida; é necessário também ampliar o conhecimento de nós mesmos e adentrar em áreas que nos são inconscientes.
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