A psicoterapia de casal difere substancialmente da psicoterapia individual, não apenas por ter curta duração, mas principalmente porque se concentra prioritariamente na comunicação intra-casal.
A terapia de casal não tem então o objetivo específico de salvar o casamento e sim de possibilitar que os componentes do casal descubram padrões de comunicação que estão comprometendo os laços anteriormente criados.
O casamento como qualquer relação afetiva duradoura apresenta várias situações que permitem um desgaste caso não haja uma definida “energia de manutenção”. O que acontece frequentemente é a expectativa de que o “amor” resolva eventuais conflitos de interesse, organização e papéis, etc., sem que haja uma decisão e ação direta e consciente dos integrantes do casal.
Na maioria dos casos o afeto está presente assim como um legítimo interesse na manutenção da relação, porém o padrão de comunicação estabelecido ao longo do tempo – um automatismo relacional – impede que se considere objetivamente eventuais correções necessárias para que haja o reequilíbrio do relacionamento.
Ao longo das últimas décadas as profundas alterações ocorridas na organização sócio-econômica alteraram os tradicionais papéis do casal e isso implica em uma necessária recriação de novos papéis em um espaço desconhecido.
Desde a década de 30 (1930) ocorre a produção social, psicossocial e psicológica de um modus vivendi capaz de reordenar a família. Wilhem Reich publicou em 1936 “A Revolução Sexual” onde condenava o casamento tradicional e sugeria relações abertas, citando o exemplo da revolução soviética. Criticava a “moral conservadora” que exigia uma relação permanente que, para ele, seria incompatível com aspectos da natureza humana.
Essas idéias suportaram o processo de liberalização sexual ocorrido na segunda metade do século e penetraram nas ostes mais conservadoras, possibilitando, por exemplo, que o livro “Casamento Aberto” de Nena e George O`Neil se tornasse um best seller em 1972, pregando que o casamento pode permitir relações extra-conjugais.
Depois disso tivemos inúmeras outras iniciativas como cônjuges morando separadamente em casas diferentes.
Hoje, apesar da literatura que aposta em relações mais superficiais, o que podemos observar é que há aspectos na natureza humana como, por exemplo, o sentimento de pertinens, que implica no desejo de construir uma relação na qual cada componente do casal seja relativo ao outro, ou parte de um par:
Um par de sapatos – diferentes mas iguais; um faz parte do outro apesar de estarem separados, serem diferentes e terem funções exclusivas: cada um calça um pé e somente esse pé. Um não é parte do outro e sim faz parte, com o outro, de um conjunto maior. Um não é possuído pelo outro e sim relativo a ele – ser relativo – relacionado ao outro: Pertinens – um é pertinente ao outro como em um par de sapatos no qual um pé é diferente do outro, mas sozinhos, têm sua função reduzida.
Essa pertinência recebe diferentes nomes para indicar o sentimento envolvido sendo amor o mais comum. Procuramos também atributos que possam nos esclarecer o que seria o amor e elencamos: respeito, afeto, desejo, responsabilidade, reconhecimento, dedicação, companheirismo, o que nos completa, mas as palavras parecem sempre insuficientes, o que nos leva a buscar apoio em imagens figuradas como ninho, castelo, canto, enfim, um lugar onde nos sentimos em casa, seguros, aconchegados. Nesses lugares somos integralmente aceitos porque dele fazemos parte.
Muitos aspectos humanos levam à busca de uma relação mais intensa e, na direção contrária, outros aspectos apoiados pela ordem social geram dificuldades à esse encontro.
A Psicoterapia de casal é, nesse contexto, uma alternativa inteligente que implica na admissão prévia de que:
- há o desejo de manutenção da relação
- há a constatação de que ela não está se dando da forma desejada
- começou-se a girar em um círculo vicioso
- a comunicação não está acontecendo o que impossibilita a saída desse círculo
- apesar disso há a possibilidade de progresso
- caso haja a separação, que se faça em um processo em que sejam minimizadas as eventuais consequências.
O Conselho de Psicologia autoriza a realização de Orientação e Aconselhamento virtual (On Line/online) em um número limitado se sessões (atualmente 20).
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