Naturalmente pensamos que o melhor é amar e ser amado(a), mas nem sempre agimos nessa direção!
Vamos imaginar uma criança que obteve boas notas na escola e vai mostrar a uma pessoa que lhe é significativa. Essa pessoa (normalmente o pai ou a mãe) pode ser dedicada ao desenvolvimento da criança e deseja que ela obtenha bom rendimento escolar, porém “acredita” que a criança é inteligente, esforçada, etc. e que, obviamente, obterá bons resultados nas avaliações escolares. Em função disso, quando a criança mostrar sua boa nota, esse pai ou mãe, ocupado em outra atividade, não dará muita atenção, dizendo de forma automática: – Ah, ótimo; vai fazer a lição.
Para uma criança, a boa nota por si só é como uma montanha de dinheiro para um adulto que está em uma ilha deserta; todo esse dinheiro talvez nem seja muito útil para acender uma fogueira.
A boa nota (assim como o dinheiro para um adulto normal), só é importante como veículo que lhe permite alcançar coisas desejadas – para a criança é ser reconhecida!
Uma criança pode traduzir esse “ser reconhecida” como “sou querida” “sou boa em…” e “gostam de mim”. Em um jargão da psicologia se diz que essa pessoa significativa à criança, lhe confere existência. Sem isso a criança não vê mais sentido na boa nota e pode (cada criança reage de uma maneira) não se esforçar para tirar boas notas ou, pior, agir para tirar péssimas notas (uma forma de ser reconhecida mesmo que pelo avesso (como escreveu Chico Buarque/Ruy Guerra – veja e ouça).
Apesar do rótulo “Inteligência Emocional” pregar o contrário, adultos sadios também se sentem bem por perceberem que sua existência faz bem a alguém (à pessoa que ele(a) escolheu para um relacionamento afetivo-sexual duradouro). Adultos não são apenas racionais, mas também emocionais e um relacionamento, para ser amoroso, precisa que haja esse reconhecimento, isto é, que haja o prazer (orgulho, admiração, etc.) em relação ao par.
Nos esquecemos disso e mesmo, em determinadas circunstâncias, evitamos reconhecer nosso par. Negamos-lhe reconhecimento de seu valor negando cuidado, atenção. Impedimos que ele receba um alimento emocional vital.
Ao ler este texto é natural que pensemos o quanto estamos sendo reconhecidos pelo nosso par. A natureza humana é saudavelmente egoísta. Caso, além de pensarmos o quanto estamos ou não sendo atendidos pelo nosso par, tenhamos sentimentos negativos fortes como tristeza ou raiva, é provável que não estejamos nos sentindo amados, reconhecidos, ou que não temos prazer em amar e sim que nosso foco seja ser amado(a).
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