Mesmo diante de uma crise aguda ou da percepção de deterioração do relacionamento e/ou insatisfação de um ou ambos os componentes do casal pode, em alguns casos, não haver disponibilidade emocional para assumir o processo psicoterapêutico. Como psicoterapeuta vejo o quanto a terapia de casal pode contribuir, porém se não há essa disponibilidade, recomendo:
1 – O mais importante: verifique se suas reações (emocionais) em eventuais diálogos com o(a)companheiro(a) são desproporcionais às palavras ou atitudes do outro. Caso você verifique que suas reações são inadequadas, talvez aceite que pode haver uma forma para que a comunicação entre o casal efetivamente aconteça e concorde em buscar ajuda profissional.
2 – Não tome decisões por impulso. A maioria das separações ocorre por impulso: – “tem de ser agora”. Por quê? Porque os sentimentos são contraditórios e os motivos da separação não são muito conscientes ou racionais/lógicos (e isto exige um detalhamento bem maior). “O travesseiro é bom conselheiro” diz um ditado popular. Esta recomendação não quer dizer que se deva buscar a acomodação a uma situação insatisfatória ou desfavorável, e sim que se deva promover mudanças que sejam construtivas.
3 – Converse, leia, assista a filmes, esclareça-se. Há inúmeros filmes e livros que nos ajudam a pensar. Mesmo os românticos, água-com-açúcar, podem servir de estímulos ao nosso processo intelecto-afetivo. Veja por exemplo “Operação Cupido”, um filme para pré-adolescentes, “bobinho” mas rico em estímulos para análise.
Recomendo também:
– A Força das Palavras – “Emile”
– Quando um Homem ama uma Mulher (Meg Ryan)
– Dança Comigo (com Richard Gere)
– Doce Novembro (Keanu Reeves)
– Lado a Lado (Julia Roberts – Susan Sarandon) ***
– Lição de Amor
– Vicky, Cristina, Barcelona **
Livros:
– O Gato – Georges Simenon
– Homens São de Marte, Mulheres São de Vênus – John Gray…
bem, basta entrar em uma livraria – os estímulos estão presentes.
4 – No limite “consulte sempre um advogado”. Esse slogan era a base de uma campanha publicitária dos profissionais do Direito. Podemos não concordar com ela e mesmo assim procurar orientação e explico porquê:
a) normalmente estamos sob “domínio” emocional nesse momento.
b) desconhecemos implicações de decisões atuais, no futuro.
c) um advogado experiente pode alertar para possíveis cuidados que só se mostrarão importantes anos depois.
d) consulte o seu advogado mesmo que a separação seja amigável.
Minha experiência tem mostrado que um único advogado para o casal, mesmo em uma separação amigável, não é suficiente. Uma união pode se desfazer no aspecto formal, mas perdurar por décadas no âmbito emocional.
O instituto da “guarda compartilhada” é um grande avanço na questão dos cuidados a filhos de pais separados, porém pode também ser um instituto de manutenção de vínculos doentios que utilizam as crianças como munição que alimenta armas de ataque, chantagem etc..
Um advogado competente pode orientar para que o casal consiga atender aos seus interesses, sem deixar mecanismos que possam ser veículo de descargas emocionais no futuro.
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