Cuidar de quem você ama e tratá-lo com cuidado não quer dizer que você é totalmente responsável por ele.
Desde cedo aprendemos com “O Pequeno Príncipe” que:
“Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas” (Antoine de Saint-Exupéry).
Na música popular brasileira encontramos também algo bem parecido na canção de Monsueto e Ayrton Amorim, “Me Deixa em Paz” (1952), gravada por um número realmente grande de intérpretes (recentemente por “Seu” Jorge), que diz:
Se você não me queria
Não devia me procurar
Não devia me iludir
Nem deixar eu me apaixonar
É uma ideia romântica atraente, mas de alto risco por desresponsabilizar a si mesmo.
A responsabilidade de cada um em uma relação afetiva é muito grande; é enorme e quase insustentável. Responsabilizar-se pela própria felicidade não é tarefa fácil e responsabilizar-se por construir e manter um relacionamento com alta qualidade é mais difícil ainda. Daí delegar ao outro a responsabilidade pela minha felicidade… é prático, mas improdutivo.
“Cuidar” do outro faz parte de um conjunto de ações que visa fazê-lo sentir-se amado tratá-lo com cuidado é uma boa maneira de manter uma boa qualidade de relacionamento; desresponsabilizá-lo pela pela própria felicidade e pela qualidade do relacionamento é um erro grave, pois ambos precisam “cuidar” da relação.
Podemos gostar ou não de determinadas atitudes e comportamentos de nosso par. Podemos conversar e mostrar que determinados comportamentos nos incomodam, mas depende dele alterar seu comportamento. “Não devia me iludir” “Nãodevia deixar eu me apaixonar”? Se o outro devia ou não é uma forma de ver o mundo abdicando da responsabilidade consigo mesmo e, por isso, de alto risco.
Amar já nos oferece riscos suficientes, por isso acrescentar alguns outros não é uma boa ideia
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