As férias conjugais se tornaram populares há décadas e hoje são encaradas como necessárias ou dissimuladamente inevitáveis para alguns casais. Deve ser assim? Elas contribuem para a melhoria da qualidade do relacionamento?
A palavra férias veio diretamente do latim sem alteração de seu significado; quer dizer “repouso”, “descanso”, “estar tranquilo”.
A variação entre atividade e inatividade, trabalho e repouso, sono e vigília, sístole e diástole, inspiração e expiração, vida e morte (assim como dia e noite, inverno e verão, etc.) é característica inerente à Vida. Temos nosso dia de trabalho e nossas “férias” noturnas assim como temos nossa semana de trabalho e nossas “férias” no fim de semana e, no Brasil, o ano de trabalho e nossas férias anuais para o repouso (e lazer).
Podemos concluir então que as férias conjugais são necessárias para que haja um bom relacionamento? Não. Nãããão. NÃO. Vamos considerar algumas das dualidades inscritas acima:
atividade x inatividade
trabalho x repouso
vigília x sono
sístole x diástole
inspiração x expiração
Na primeira linha temos atividade x inatividade, que praticamente sintetiza o significado de cada uma das duas colunas. Na segunda linha temos simplificadamente o significado dessas colunas. Por exemplo a “vigília” coloca o corpo em atividade/trabalho assim como o “sono” é o estado de repouso do corpo (mesmo que mantenha ainda alguma atividade (cardíaca, respiratória, etc.)). A “sístole” (contração cardíaca para o envio do sangue para o corpo) e a “inspiração” (trazer o ar externo até os pulmões) representam tensão, contração, esforço, e a “diástole” e “expiração” representam o relaxamento ou “descanso”.
Então podemos concluir que as férias conjugais são necessárias para que haja o descanso e um bom relacionamento? OK, sim em parte! Se o relacionamento implica em tensão, esforço, cansaço, então sim, as férias conjugais podem ser benéficas.
É muito importante essa distinção: é a qualidade do relacionamento que está definindo que as férias conjugais contribuem para a melhoria do relacionamento e NÃO que o relacionamento/casamento implica na necessidade de férias conjugais. Vamos olhar por um outro ângulo: O casamento, relacionamento, o “estar juntos” pode ser tenso, pode exigir tato, cuidado, atenção e tudo isso cansa e pode gerar o desejo de férias.
O casamento, relacionamento, o “estar juntos” pode ser (e deveria ser) o repouso, o descanso, o aconchego, a distensão e tende a gerar mais desejo de estar juntos, passear juntos, viajar juntos. divertirem-se a dois etc., etc. E, nesse caso, não gera a necessidade de férias.
Sentir desejo e necessidade de férias conjugais é então um excelente termômetro da qualidade do relacionamento e o mais indicado é melhorar essa qualidade ao invés de tirar férias dele sempre que possível.
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