Da mesma forma que se fala em um efeito “sanfona” na obesidade e emagrecimento, também encontramos relacionamentos com esse efeito: brigas e reaproximações; separações e retornos.
Também, da mesma forma que alguém “de fora” assistindo o “emagrece-engorda”, vê que apenas remediar sem cuidar da causa não traz resultados duradouros, também nos relacionamentos afetivos apenas o amor não impede a ocorrência do “briga-reconcilia”.
Naturalmente nenhum relacionamento afetivo, inclusive os mais felizes e duradouros, são absolutamente planos e estáveis. Como em tudo em que há vida, o equilíbrio é dinâmico, isto é, contém a variabilidade padrão de uma ondulação que, como a onda eletromagnética, mantém certa regularidade em torno de um eixo central.
O problema não é a ondulação e sim a amplitude dos picos em torno do “eixo” de equilíbrio. Brigas intensas com até mesmo separações e retornos podem tornar a vida muito difícil e indica que os fatores que motivam essas brigas não foram trabalhados adequadamente na retomada do relacionamento. Isso quer dizer: a causa permanece e/ou os mecanismos de contenção não são eficientes.
A terapia de casal tem também essa função de trabalhar as causas de picos intensos de estresse relacional que ocorrem às vezes com regularidade cronométrica, ou desenvolver mecanismos que, mesmo na presença da causa do problema, haja reação adequada que impeça a evolução em altos picos.
Talvez pudéssemos dizer, com alguma ousadia, que a estabilidade absoluta nos relacionamentos não seria desejável (se pudesse existir), porém a variação que se distancia muito do eixo central tende a impedir a continuidade do relacionamento e mesmo, nos casos extremos, resultar em tragédia. Sempre que os jornais noticiam tragédias nesse campo, me perguntam de forma desafiadora: – Quem ama não mata! (?). Para chegarmos a uma conclusão consistente precisamos começar operacionalizando “amor”. Simplificadamente os fatos mostram, mais freqüentemente do que seria desejável, que quem ama se revolta e agride para se livrar da dor, mesmo que não seja o agredido a causa dessa dor.
Quando há picos intensos no relacionamento e o efeito sanfona (brigas recorrentes), é possível sim que ocorra também uma elevação desses picos, gradual ou pontual, tornando esse relacionamento um relacionamento de risco, o que exige correção.
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